sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Se de fato sou salvo, eu não deveria ser assim... A Bíblia Responde #45




Não consigo ter emoções, gostaria ser uma pessoa que fosse sensível, mas meu coração é de pedra, não consigo chorar, mesmo quando se trata da partida de um ente querido, sinto uma tristeza dentro de mim, tenho um problema do foro psiquiátrico e estou enclausurado no meu sofrimento e esqueço-me do sofrimento que causo há minha família, se de fato estou salvo por Cristo eu não deveria ser assim.

Infelizmente eu não o conheço pessoalmente para poder te aconselhar de maneira mais eficiente, mas creio que o conselho mais importante que posso lhe oferecer é para você procurar o seu Pastor ou algum irmão de confiança que seja maduro na fé e abrir o coração para essa pessoa.

Fomos criados por Deus para vivermos em comunidade, para sujeitarmos uns aos outros (Ef 5:21), para exortarmos e edificarmos uns aos outros (1Ts 5:11), abra seu coração para um irmãos em Cristo, orem juntos, peça aconselhamento, creio que você será muito edificado com isso.

Agora desejo citar alguns pontos que você mencionou e trazer uma posição bíblica sobre esse assunto, para se Deus assim permitir, poder te trazer luz sobre isso.

1 - “meu coração é de pedra”: é exatamente essa expressão que a bíblia cita como uma obra divina, trocar nosso coração de pedra por um de carne.

Ezequiel 11:19 “E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;”

É extremamente confortante saber que a mudança de coração não depende de nós, é uma obra de Deus. É Deus quem tira o nosso coração rebelde contra Ele e nos dá um novo coração.

Se você acha que seu coração ainda continua rebelde, duro, insensível, ore a Deus, peça um novo coração, um coração sensível, que ama a Deus em primeiro lugar, que se alegra com as coisas que alegram a Deus, que chora pelos motivos que fazem Deus chorar, que se compadece, que ama o próximo como a si mesmo.

2 - “sofrimento que causo há minha família”: o amor é um mandamento. (Jo 13:34, Rm 12:10, Jo 15:12, Jo 15:17, 1Ts 4:18...)

João 13:34 “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.”

Amor não é um mero sentimento, que um dia você acorda com ele e outro não. Amor é um exercício, você escolhe amar as pessoas, é um mandamento de Deus para nós. Se fosse um sentimento, como por exemplo a paixão, Deus não nos ordenaria a amar as pessoas, pois não dependeria somente de nós.

Portanto meu irmão, faça a escolha de amar as pessoas dia após dia, se esforce, lute contra seus desejos pessoais e cumpra com aquilo que Deus nos ordenou a fazer.

3 - “se de facto estou salvo por Cristo eu não deveria ser assim”: De fato, segundo as Escrituras, um cristão não deveria ser assim, portanto, se esforce, ore, busque auxílio, leia as Escrituras diariamente, encha sua mente com a mente de Deus, como? Medite dia e noite na Bíblia.

Salmo 1:2 “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.”

4 - “tenho um problema do foro psiquiátrico”: Mesmo sendo cristão não estamos livres de problemas de saúde, estamos sujeitos aos impactos provenientes da queda, provenientes do pecado. Procure orientação médica, existem muitos psiquiátricos cristãos, se possível for, busque um e procure ajuda.

A medicina avançada que temos em nossos dias é uma graça de Deus, um verdadeiro milagre. Não existe nada de errado em usar essa dádiva divina.

Que Deus te abençoe.

E guarde consigo: 2Co 2:14 “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento.”

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Existe crente carnal?








A existência do crente carnal a luz de 1 Co 3.1-4.

Como sabemos, a grande maioria das heresias e erros doutrinários afirmam serem baseados nas próprias Escrituras, mas que quando analisado mais profundamente de fato possuem distorções do Ensino Bíblico como um todo. A doutrina em que ensina a possibilidade de que o crente tenha recebido a Cristo como Seu Salvador, mas que ainda não o reconhece como Seu Senhor, é amplamente aceita em meios evangélicos, justamente pela má interpretação, deste principal texto de 1 Co 3.1-4, porque quando confrontados pela plenitude das Escrituras, encontramos somente duas categorias de homens, regenerados e não regenerados (Rm 8.1-9) convertidos e não convertidos.

Para podermos entender melhor é importante entendermos o contexto e propósitos da carta de Paulo aos Coríntios.


Contexto histórico e cultural.

O apóstolo Paulo escreveu a carta aos Coríntios, (1 Co 1:1-3) na década de 50 d.c, provavelmente na metade do ano de 55 d.c. A cidade de Corinto era a capital comercial da Grécia. era uma cidade muito importante e influente não só para a maior parte da Grécia, mas para muitas áreas do Mediterrâneo, através de seus portos de Cencreia na parte oriental e o de Lequeu na parte ocidental, porque era uma passagem praticamente obrigatória para os comerciantes que vinham ou iam da Espanha, Ásia Menor, Itália, Sicília, Síria, Fenícia, Egito que geralmente faziam a transferência de suas cargas para navios maiores nos oito quilômetros do istmo ou rebocavam as embarcações menores da terra para o mar sobre oito quilômetros de trilhos [1].

Sendo assim, Corinto era conhecida por sua riqueza, opulência e prosperidade em vista do comércio destes portos, esta cidade se achava tão dominada pelos vícios com as quais as cidades comerciais são infestadas, ou seja, a luxúria, a arrogância a vaidade os prazeres, a cobiça insaciável e o egoismo desfreado. Também existiam as práticas de prostitutas cultuais que em nome de Afrodite ministravam diariamente no templo depravações raramente encontradas em outros santuários gregos, a ponto de que “Viver como um coríntio”, se tornou sinônimo de vida dissoluta e libertinagem.


Objetivos da carta de Paulo.

Foi neste local que Paulo se dirigiu em 51 d.c, onde fundou uma Igreja e posteriormente escreveu uma carta que tinha como objetivo corrigir os problemas que estavam ocorrendo naquela Igreja, vícios que entraram juntamente na Igreja, fazendo com que a disciplina bíblica ficasse deteriorada, algumas destas notícias Paulo recebeu através da casa de Cloe (1 Co 1:11), entre os assuntos tratados na carta estavam as divisões dentro da Igreja que não estavam preservando a unidade, também problemas quanto a imoralidade, liberdade cristã, casamento, desordem no culto público e até mesmo um inicio de apostasia na sã doutrina, com relação a um dos fundamentos da fé, referente a ressurreição dos mortos, fortemente marcados pela exortação de Paulo do uso da sabedoria humana ao invés da de Deus.


Tendo agora entendido melhor todas as questões da situação que estava ocorrendo na Igreja de Corinto, podemos nos ater de maneira mais específica no texto em questão, é possível pela afirmação do texto de 1 Co 3:1-4, classificar uma doutrina de crentes carnais, que receberam a Cristo como Salvador apenas?

Refutações a doutrina do crente carnal

Por vezes, o entendimento distorcido deste contexto geral, traz erros danosos aos dias de hoje, e um dos casos é relacionado com a ideia de uma terceira categoria de crentes, chamados crentes carnais.

A possível doutrina do crente carnal faz um uso equivocado, tanto de uma interpretação errada, quanto da aplicação errada de 1 Co 3: 1-4:

“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e, sim, como a carnais, como a crianças em Cristo...não é evidente que andais segundo os homens?

È importante novamente relembrar que esta carta aos Coríntios não é primariamente uma carta doutrinaria. Tal como toda a Escritura ela contém doutrina, mas não foi escrita (como a carta aos Romanos) para lançar alicerces doutrinários. A preocupação de Paulo era tratar de problemas práticos em uma Igreja nova, neste mesmo capítulo 3 Paulo vai dar continuidade falando o motivo porque ele os esta considerando carnais (v3), eles estavam com problemas quanto a divisões partidárias, (v4), mas de fato, esquecendo os preceitos elementares de Cristo, agindo assim de maneira equivocada e se parecendo com aqueles que nem conheciam a Cristo.

Isso é totalmente diferente de se fazer uma categoria nova de crentes que possa ser intitulada de carnais, por receberem a Cristo como Salvador, mas não como Senhor.

No capítulo 2,versos 1 e 2 Paulo cita o exemplo de sua própria pregação, baseada não em sabedoria humana, mas no poder de Deus, o Evangelho de Cristo, “...fui ter convosco anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou sabedoria...”, agora no capítulo 3 Paulo vai fazer a aplicação sobre o que falou no capítulo 2, “...não vos pude falar como a espirituais...”(1 Co 3:1-4).

A lamentação de Paulo referente ao esquecimento do ensino da glória de Deus, desta forma gerando partidarismo e divisão, uns dizendo “sou de Paulo”e outros “ sou de Apolo” (1 Co 3:4). Sendo assim, este texto faz menção ao problema dos corintios estarem disputando, fazendo grupos para seguirem, agindo com ciumes e contendas, desta forma sendo carnais, esquecendo que os alicerces de sua fé deveriam estar somente em Cristo. (1 Co 3:3).


Existe a possibilidade de receber a Cristo como Salvador e não como Senhor?

Esta talvez seja uma entre pelo menos 9 danos desta doutrina em nossos dias [2]. È importante lembrar que quando os apóstolos pregavam, proclamavam a Cristo como Senhor.
Interessantemente este é o versículo citado na placa da Igreja onde congrego que reforça ainda mais a impossibilidade de receber a Cristo como Salvador e não como Senhor:

“Porque nós não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor” (2 Co 4.5). Outro fato importante a ser levado em consideração é que a palavra Salvador ocorre apenas duas vezes em Atos dos Apóstolos (5.31 e 13.23), por outro lado o título Senhor é mencionado 92 vezes, Senhor Jesus, 13 vezes e Senhor Jesus Cristo 6 vezes no mesmo livro, o Evangelho é:

“Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa. (At 16,31)”.

“Esteja absolutamente certa, pois, toda casa de Israel de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2.36) e ainda: “Cristo morreu e ressurgiu para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos (Rom 14,9)”.

É impossível receber a Cristo como Salvador se Ele também não for seu Senhor.


As dificuldades na vida cristã.

Com isso, não estamos afirmando que não existem dificuldades na vida do crente, tão pouco que não exista pecado na vida do crente, ou então que não existam estágios de crescimento espiritual, sabemos que em certo sentido todo crente é carnal “...a carne milita contra o Espirito (Gl 5:17)”.
Todavia, isso não quer dizer que existam três categorias de pessoas, o próprio Paulo quando trata de categorias só conhece duas, ele divide os homens em “naturais” e “espirituais” (1 Co 2:14-15). Certamente aqueles cristãos de Corinto eram imperfeitamente santificados, como, sem dúvida, são todos os crentes em maior e menor grau. Mas Paulo não estava dizendo que eles eram caracterizados pela carnalidade em todas áreas de suas vidas, Paulo estava reprovando um fruto específico da carnalidade, em um certo aspecto e não expondo uma doutrina geral da carnalidade [3].

È impossível usar este texto para dividir as pessoas em três categorias: Não convertidos, crentes carnais e crentes espirituais, e é impossível ter a Jesus como Salvador e não como Salvador.

Conclusão

Tendo esclarecido esta questão errada, podemos ver que esta doutrina do crente carnal, que considera Cristo como Salvador mas não como Senhor, não pode ser sustentada com a interpretação equivocada de 1 Co 3. Um dos principais problemas em relação a esta posição se dá relacionado a abrigar no seio da Igreja pessoas que de fato nunca foram regeneradas pelo Espírito Santo, crentes nominais.

Esta doutrina leva ao sério risco de não ver a necessidade do chamado ao arrependimento e confissão de pecados, é necessário deixar bastante claro que nem todo que chama Senhor, Senhor entrará no Reino dos céus (Mt 7.21). Que possamos exortar e chamar estes que podem se alicerçar nesta má compreensão sobre carnalidade, para viver uma vida reta diante de Deus, porque o reconhecimento dEle como Senhor é parte integral e necessária da conversão.

Termino com esta citação de A.A Hodge que escreveu: Você não pode receber a Cristo para justificação a não ser que o receba para santificação, a separação da justificação e da santificação é tão impossível de separar, quanto a circulação do sangue da inalação do ar, apesar de serem duas coisas diferentes você não pode ter uma e não ter a outra. Por igual modo a justificação e a santificação, elas se combinam e constituem uma única uma vida.


Em Cristo Senhor



Guinho







Notas

1- O Plano da Promessa de Deus-Walter C.Kaiser Jr. Pág.287,288- Ed. Vida Nova.
2- Existem pelo menos 9 danos grandes desta doutrina do crente carnal, 1-Uso errado de 1 Co 3, 2- As bençãos da Nova Aliança são distintas, 3-A fé salvadora e a fé espúria não são distinguidas, 4- A omissão do arrependimento, 5- Ensino errado sobre a segurança da salvação, 6- Conceito inadequado do pecado, 7- Necessidade da segunda operação da graça, 8- Conceito errado de Cristo, 9- Falsa espiritualidade. Extraidos de: Existe Mesmo o Crente Carnal? Ernest Reisinger- Ed. Fiel.
3- Existe Mesmo o Crente Carnal? Ernes Reisinger- Pág 17- Ed. Fiel


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Evangelismo bíblico: Deus, céu e inferno





segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Qual é a natureza das nossas escolhas?... A Bíblia Responde #44




Paulo menciona que temos capacidade para exercitar nossa vontade. Qual é a natureza de nossa escolha?

Peço desculpas por não identificar o texto de Paulo que você citou, para com isso, poder fazer uma análise exegética do mesmo, portanto focarei na segunda parte da sua pergunta: A natureza da vontade humana.

Sabemos claramente que todo o ser humano possui vontades e escolhas, mas a questão é: As nossa escolhas sofrem alguma influência além das nossas vontades? Possuímos livre-arbítrio?

Livre-arbítrio é conseguir tomar decisões livremente, agindo conforme a nossa natureza, sem qualquer influência externa. Sabemos que Adão possuía livre-arbítrio e Jesus Cristo também. Mas e o resto da humanidade, descendentes de Adão e Eva?

Após a queda o pecado entrou no mundo, e herdamos essa herança de pecado desde o nascimento. A partir de Adão, como Martinho Lutero muito bem definiu, não possuímos livre-arbítrio mas sim escravo-arbítrio. Escravo por conta da influência dos malefícios do pecado. Todas as nossas escolhas são diretamente influenciadas pelo pecado que habita em nós, mesmo depois de convertidos ao Evangelho, o pecado ainda permanece em nós.

Podemos dizer que somos livres sim, mas livres das consequências desse pecado, livres da condenação eterna, até que sejamos libertos de uma vez por todas, até que recebamos corpos glorificados quando Cristo retornar.

Esta incapacidade entretanto não reduz a nossa responsabilidade. A Bíblia deixa bem claro que não só temos a capacidade de escolher, mas também temos a responsabilidade de escolher sabiamente. No Antigo Testamento, Deus escolheu uma nação (Israel), mas os indivíduos daquela nação ainda tinham a obrigação de escolher obedecer a Deus. Da mesma forma, os indivíduos de fora de Israel também podiam fazer a escolha de acreditar e seguir a Deus (por exemplo, Rute e Raabe).

Entretanto, como pode o homem, limitado por uma natureza pecaminosa, escolher o que é bom? É somente através da graça e do poder de Deus que o livre-arbítrio torna-se verdadeiramente "livre" no que diz respeito à escolha da salvação (João 15:16). É o Espírito Santo que atua na e através da vontade de uma pessoa a fim de regenerá-la (João 1:12-13) e dar-lhe uma nova natureza criada "segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade" (Efésios 4:24). A salvação é obra de Deus. Ao mesmo tempo, nossas motivações, ações e desejos são voluntários e somos devidamente responsabilizados por eles.

Que Deus te abençoe.

Solus Christus