Minha
pergunta é baseada numa conversa que tive com um colega. É a
seguinte: é verdade que Deus já escolheu o povo eleito para ser
salvo? Ou seja, se a pessoa já estiver no livro da vida ele pode
pecar como quiser e mesmo assim já está salvo e quem já está
condenado mesmo fazendo tudo para agradar a Deus ainda assim ainda
não é digno de salvação?
A
resposta para as suas perguntas é sim e não.
Sim,
Deus elege um povo para salvação e não, não funciona dessa forma,
uma pessoa que possui uma vida na lama do pecado, que não possui
arrependimento essa pessoa não é uma eleita de Deus.
A
eleição é a causa de nossa salvação, a santificação é a
evidência. A santificação é a marca na orelha da ovelha eleita de
Cristo (2Ts 2.13).
Existem
duas verdades ensinadas na Bíblia, que Deus escolhe e predestina
livremente quem Ele quer para a salvação e que o homem é
responsável pela sua condenação, o fato de Deus eleger não
diminui a responsabilidade humana.
Pode
parecer conflitante essas duas informações e devemos reconhecer
nossas limitações humanas, pois somos seres limitados, finitos,
falíveis e corruptíveis. Diferentemente de Deus, todo poderoso,
infinito, ilimitado, criador de todas as coisas.
Não
conseguimos conciliar com nossas mentes humanas essas duas realidades
bíblicas, assim como não conseguimos explicar, ou compreender
totalmente a doutrina da trindade, ou ainda, explicar como Jesus
Cristo é totalmente homem e totalmente Deus ao mesmo tempo.
Vamos
então falar um pouco sobre essas duas verdades separadamente.
Sobre
a doutrina da eleição:
Simplificando,
os "eleitos de Deus" são aqueles que Deus predestinou para
a salvação. Eles são chamados de "eleitos" porque essa
palavra denota o conceito de escolher. A cada quatro anos, nós
"elegemos" um presidente - ou seja, escolhemos quem ocupará
esse cargo. O mesmo vale para Deus e aqueles que serão salvos; Deus
escolhe aqueles que serão salvos. Estes são os eleitos de Deus.
Vejamos
Romanos
9, a passagem mais detalhada que
lida
com a soberania de Deus na eleição.
O contexto da passagem flui de Romanos 8, que termina com um grande clímax de louvor: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8:38-39). Isto leva Paulo a considerar como um judeu poderia responder a essa afirmação. Embora Jesus tenha vindo aos filhos perdidos de Israel e embora a igreja primitiva tenha sido em grande parte judaica, o evangelho estava se espalhando entre os gentios muito mais rápido do que entre os judeus. Na verdade, a maioria dos judeus enxergava o evangelho como uma pedra de tropeço (1 Coríntios 1:23) e rejeitou Jesus. Isso levaria o judeu comum a se perguntar se o plano de Deus de eleição falhou, uma vez que a maioria dos judeus rejeita a mensagem do evangelho.
Ao longo de Romanos 9, Paulo sistematicamente mostra que a eleição soberana de Deus tem estado em vigor desde o início. Ele começa com uma declaração crucial: "Porque nem todos os que são de Israel são israelitas" (Romanos 9:6). Isso significa que nem todas as pessoas etnicamente de Israel (isto é, aqueles descendentes de Abraão, Isaque e Jacó) pertencem ao verdadeiro Israel (os eleitos de Deus). Revendo a história de Israel, Paulo mostra que Deus escolheu Isaque a Ismael e Jacó a Esaú. Caso alguém achasse que Deus estava escolhendo estes indivíduos com base em sua fé ou boas obras que fariam no futuro, ele acrescenta: "pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama" (Romanos 9:11).
Neste ponto, pode-se ser tentado a acusar Deus de agir injustamente. Paulo antecipa essa acusação no versículo 14, afirmando claramente que Deus não é injusto de qualquer forma. "Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão" (Romanos 9:15). Deus é soberano sobre a Sua criação. Ele é livre para escolher aqueles a quem vai escolher e é livre para passar por quem quiser. A criatura não tem o direito de acusar o Criador de ser injusto. A própria ideia de que a criatura pode julgar o Criador é um absurdo para Paulo, e deve ser assim para todos os cristãos também. O equilíbrio de Romanos 9 substancia este ponto.
Há outras passagens que falam em menor medida sobre o tema dos eleitos de Deus (João 6:37-45 e Efésios 1:3-14, para citar algumas). O ponto é que Deus decidiu resgatar um resquício da humanidade para a salvação. Esses indivíduos eleitos foram escolhidos antes da criação do mundo, e a sua salvação está completa em Cristo. Como Paulo diz: "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou" (Romanos 8:29-30).
Passamos
agora para o assunto da responsabilidade humana, se Deus escolheu o
homem não é responsável? Ou não precisa fazer nada para ser
salvo, pois tudo está determinado?
A
Bíblia ensina claramente que fomos eleitos para a santificação, e
que sem santificação, ninguém verá ao Senhor (Hb 12.14). A
santidade de vida – não estou falando de perfeição – é parte
integrante da fé salvadora (Romanos 6). Santidade e fé salvadora
são dois lados de uma mesma moeda. Tiago que o diga: “Fé sem
obras é morta”. E no contexto, ele não estava falando de dar
esmolas, mas de obedecer a Deus mesmo ao custo do que nos é mais
precioso, como os exemplos de Abraão e Raabe demonstram (Tiago 2).
Deixando de considerar a santificação como sinal da eleição para
a vida eterna e adotando a fé como esse sinal, adotam uma base
subjetiva para a segurança de salvação e correm o risco de se
enganarem quanto à sua experiência religiosa, pois desta forma,
podem se considerar salvos mesmo que não haja sinais visíveis da
santificação entre eles.
"Nos
chamou para a sua própria glória e virtude" (2Pe 1.3). Ele nos
chamou para a virtude, assim como para a glória. "Porquanto
Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação"
(lTs 4.7). Não temos um chamado para o pecado, podemos ser tentados,
mas não há um chamado ao pecado. Não somos chamados para ser
orgulhosos ou impuros, mas temos um chamado para a santidade.
O
pacto da graça é nosso passaporte para o céu. O acordo do pacto é
que Deus será nosso Deus. Mas, quem está interessado no pacto e
pode exigir os benefícios dele? Somente as pessoas santificadas:
"Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de
carne" (Ez 36.26).
Portanto,
não
se vai ao céu sem a santificação:
"A
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14).
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