terça-feira, 24 de agosto de 2010

Você Deseja Paz sem ter que Lutar?




Este é outro sintoma perigoso do poder do desejo pecaminoso para corromper o coração do cristão. Neste caso, ele cativou o coração de tal maneira que este não deseja mais destruí-lo; mesmo assim, o coração quer gozar de paz. Este sintoma pode ser reconhecido de várias maneiras diferentes, porém nós nos limitaremos a dois exemplos:

a) Um cristão é perturbado nos seus pensamentos por um desejo pecaminoso. Sua consciência fica perturbada e ele se sente infeliz. Em vez de resolver mortificar este desejo pecaminoso o cristão busca no seu coração outras evidências de que é um cristão. Procedendo assim espera que a despeito de estar tendo um desejo pecaminoso que ele se recusa a mortificar, ele pode ter paz de coração porque sabe que é um cristão. Quando um sintoma como este pode ser reconhecido num cristão, esse cristão está numa condição espiritual perigosa.

Foi uma condição espiritual como essa que arruinou muitos judeus nos dias de Jesus. Sob a pregação de Jesus, as consciências de muitos judeus foram perturbadas, mas em vez de reconhecerem e mortificarem seus desejos pecaminosos, apegaram-se a sua posição como "descendentes de Abraão" e pensaram que desse modo eram aceitos por Deus (veja João 8:31-41). Este é um sintoma perigoso do coração que está amando o pecado, um coração que subestima o gozo da paz com Deus e todas as manifestações do amor de Deus. Quão corrupto tem se tornado um coração quando se contenta em permanecer um cristão infrutífero, desde que possa (segundo pensa) escapar da "ira vindoura". Que tragédia quando um cristão pode se sentir contente em estar a qualquer distância de Deus conquanto que não seja uma separação final. O que se pode esperar de tal coração?

b) Como no primeiro exemplo, temos um cristão que está perturbado nos seus pensamentos por um desejo pecaminoso. Sua consciência está perturbada e ele se sente infeliz. Desta vez, ao invés de se decidir a mortificar este desejo pecaminoso o cristão procura remover seu mal-estar de alma suplicando a graça e a misericórdia de Deus. E como se o cristão (semelhantemente a Naamã adorando na casa de Rimon - veja 2 Reis 5:18) estivesse suplicando: "Em todas as outras vezes andarei com o Senhor, menos nesta. Nisto perdoe o Senhor a teu servo". Esse comportamento é muito inconsistente com a sinceridade cristã, e é geralmente uma forte evidência de que a pessoa que está se comportando dessa maneira seja um hipócrita. Há pouca dúvida, contudo, de que alguns dos filhos de Deus podem ser pegos por este engano pecaminoso.

Quando o coração de um cristão gosta secretamente do pecado, de tal maneira que está preparado para escapar da aflição causada pelo mesmo de alguma outra maneira que não seja pela mortificação dele e do perdão do pecado pelo sangue de Cristo, então as feridas desse homem se tornaram "infectas e purulentas". A não ser que seja aplicado rapidamente um remédio, essa pessoa estará muito perto da morte espiritual.

John Owen (1616-1683)

[Via]

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