quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Bebida estimulante ao Cristão exausto






“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a Glória de Deus Pai”.

Filipenses -  2: 9 –11.

NO PRÓPRIO FATO DA EXALTAÇÃO DE CRISTO EXISTE PARA O VERDADEIRO CRISTÃO UM GRAU MUITO GRANDE DE CONFORTO. Muitos de vocês que não têm parte nem sorte nas coisas espirituais, não tendo amor por Cristo, nem qualquer desejo pela sua glória, não farão outra coisa que não rir quando eu disser que isto é uma verdadeira garrafa de bebida estimulante ao lábio do cristão exausto: que Cristo, apesar de tudo, seja glorificado. Para vocês isso não é consolação, porque lhes falta aquela condição do coração que torna esse texto doce para a alma.

Para vocês nada existe nele de alegre; ele não mexe com o seu coração; não dá doçura alguma à sua vida; precisamente por este motivo, por vocês não estarem ligados à causa de Cristo, nem devotadamente buscarem honrá-lo. Mas o coração do verdadeiro cristão pula de alegria, mesmo quando deprimido por tentações e tristezas diversas, com a lembrança de que Cristo está exaltado, pois que nisso ele encontra o bastante para alegrar o seu próprio coração. Notem aqui, amados, que o cristão tem certos atributos em seu caráter que tornam a exaltação de Cristo um objeto de grande regozijo para ele. Primeiro, ele tem, em sua própria opinião — e não em sua opinião somente, mas em realidade —, um relacionamento com Cristo e, portanto, sente interesse pelo sucesso dos de sua família. Vocês têm observado a alegria do pai quando, passo a passo, o seu menino ascende à opulência ou à fama; têm notado como os olhos da mãe faiscaram de deleite quando sua filha se tornou uma mulher adulta e irrompeu em toda a magnitude da beleza. 



Vocês perguntam porque aqueles sentem tal interesse; e se lhes contam que é porque o menino era dele, ou a menina era dela. Eles se alegraram com o progresso dos seus pequeninos por causa do relacionamento que possuem com esses. Caso não houvesse relacionamento nenhum, eles poderiam ter se tornado reis, imperadores ou rainhas que aqueles sentiriam apenas um pequeno contentamento. Porém, devido ao parentesco, cada passo era envolvido por um profundo e excitante interesse. Ora, assim é com esse cristão. Ele sente que Jesus Cristo, o glorificado “Príncipe dos reis da terra”, é seu irmão. Embora o reverencie como Deus, ele o admira como homem-Cristo, ossos de seus ossos e carne de sua carne, deleitando-se, em seus plácidos e calmos momentos de comunhão com Jesus, em lhe dizer: “Ó Senhor, tu és meu irmão!” Seu canto é “Meu amado é meu, e eu sou do meu amado”. É seu gozo cantar:


Um no sangue com os pecadores, 


Cristo Jesus o é; porque ele é um homem, exatamente como nós: e não é nem menos nem mais homem do que o somos, salvo apenas o pecado. Certamente, quando sentimos que estamos ligados a Cristo, sua exaltação é a fonte da maior alegria para os nossos espíritos; nós nos regozijamos nisso, visto ser um de nossa família que é exaltado. É o Irmão Mais Velho da grande e única família de Deus nos céus e na terra; é o Irmão a quem todos nós estamos ligados.


Existe também no cristão não apenas o mero sentimento de relacionamento, mas também um de unidade na causa. Ele sente que, quando Cristo é exaltado, ele próprio é exaltado em alguma medida, visto que tem empatia com o desejo daquele de promover a grande causa e glória de Deus no mundo. Eu não tenho dúvida de que cada soldado ordinário que permaneceu ao lado do Duque de Wellington se sentiu honrado quando o comandante foi aplaudido pela vitória; pois diz: “Eu o ajudei, eu o assisti; não foi de pouca importância a parte que desempenhei; tão somente mantive meu posto; tão somente suportei o fogo inimigo; contudo, agora a vitória está conquistada. Sinto honra nisso porque ajudei, em certa medida, a ganhá-la”. Desse modo, o cristão, quando vê seu Senhor exaltado, diz: “É o Capitão que está exaltado, e de sua exaltação todos os soldados compartilham. Eu não fiquei do lado dele? Pequena foi a obra que fiz, e pouca a força que eu possuía para o servir; mesmo assim, ajudei no trabalho”; e o mais ordinário dos soldados nas fileiras espirituais sente que ele próprio está em algu¬ma medida exaltado quando lê isto: “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo o nome” – um renome acima de qualquer nome — “para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho”.


Além disso, o cristão não apenas sabe que existe essa unidade em propósito, mas também uma união real entre Cristo e o seu povo todo. É uma doutrina da revelação em que raramente se discorre, mas nunca é demais pensar nela – a doutrina de que Cristo e seus membros são todos um. Não sabem vocês, amados, que cada membro da igreja de Cristo é um membro do próprio Cristo? Nós so¬mos “sua carne e seus ossos”, partes do seu grande corpo místico; e quando lemos que a nossa cabeça é coroada, ó jubilem, membros dele, pés ou mãos, mesmo que a coroa não esteja em vocês, ainda que esteja na sua Cabeça, vocês partilham da glória por serem um com ele. 


Vejam Cristo ao longe, sentado à destra de seu Pai! Crente! Ele é o penhor da sua glorificação; ele lhe é a certeza da aceitação; mais ainda, ele é o representante de você. O trono que Cristo possui no céu, ele não o tem apenas por direito, como pessoa da Divindade, mas também como o representante da igreja inteira, porque ele foi o precursor dela, assentando-se em glória como o representante de cada uma delas. Regozije-se, ó crente, quando vir o seu Mestre exaltado da tumba, quando o contemplar exaltado nos céus. Então, quando o vir galgar os degraus de luz e assentar-se em seu sublime trono, onde a vista dos anjos dificilmente pode chegar – quando você ouvir a aclamação de milhares de serafins; quando você notar o alto clangor do coral em sinfonia de milhões de redimidos; pense – quando o vir coroado de luz – que você também está exaltado com ele, vendo que é uma parte dele. 



Feliz é você se souber disso, não somente em doutrina, mas em doce experiência também. Ligados a Cristo, casados com ele, crescidos nele, partes e porções dele próprio, nós pulsamos com o coração do corpo; quando a cabeça é glorificada nós compartilhamos do louvor; sentimos que sua glorificação concede uma glória sobre nós. Ah! Amados, vocês já sentiram essa unidade com Cristo? Já sentiram uma unidade de desejos com ele? Se já, descobriram ser isso rico em conforto; mas, caso contrário – se vocês não conhecem Cristo – será uma fonte de tristeza em vez de prazer estar ele exaltado, porque terão que refletir que ele está exaltado para os esmagar, exaltado para os julgar e os condenar, exaltado para varrer dessa terra todos os pecados e cortar a maldição pela raiz, e você com ela, a menos que se arrependa e torne-se para Deus com total intenção no coração.
Charles H. Spurgeon

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