segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Inteligência Humilhada




Esse conceito, chamado de Inteligência Humilhada nos ajuda a compreender de maneira correta como devemos nos portar em nossa vida diária, na vida da Igreja, na maneira que conduzirei os meus estudos teológicos entre tantos outros pontos fundamentais.

Primeiramente quero introduzir dois outros conceitos, o fideísmo e o racionalismo.

Fideísmo: do latim fides, fé Doutrina religiosa que prega que as verdades metafísicas, morais e religiosas, como a existência de Deus, a justiça divina após a morte e a imortalidade, são inalcançáveis através da razão, e só serão compreendidas por intermédio da fé.

A ideia central do fideísmo é que as questões religiosas não podem ser justificadas por meio de argumentos ou provas, mas apenas pela fé.

Já o racionalismoé a corrente filosófica que iniciou com a definição do raciocínio como uma operação mental, discursiva e lógica que usa uma ou mais proposições para extrair conclusões - se uma ou outra proposição é verdadeira, falsa ou provável.

O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente - tal como a causa da origem do Universo. Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento.

Entre o fideísmo e o racionalismo encontramos o conceito da Inteligência Humilhada, ela nos direciona de maneira correta no entendimento de que nós de fato somos, a nossa natureza, a nossa incapacidade diante do Deus criador e da mesma maneira nos mostra a real natureza de Deus, como todo poderoso, soberano e supremo Senhor.

Podemos ter usar da fé e ao mesmo tempo defender nossa fé racionalmente em total harmonia e sem nenhuma contradição. É isso que nos ensina a Inteligência Humilhada.

Desta forma gostaria de trazer uma reflexão de como esse conceito é fundamental e indispensável na vida de um Cristão.

Pois nem minha mãe nem minha babá encheram seus próprios seios para mim; mas foste tu quem providenciaste, por meio delas, o alimento da minha infância, de acordo com tua ordenação, mediante a qual distribuíste tuas riquezas pelas fontes ocultas de todas as coisas. Tu também me deste meu não querer mais do que me davas; e às minhas babás a disposição de me dar o que tu lhes deste. Pois elas, com uma afeição inculcada pelo céu, dispuseram-se a me dar o que de ti receberam em abundância. Pois esse bem que eu delas recebia era uma bem para elas. Mas, de fato, ele não provinha delas, mas através delas; pois de ti, ó Deus, provêm todas as coisas boas, e de Deus provém minha saúde. Isto aprendi desde aquela época: tu, por meio de tuas dádivas, dentro e fora de mim, a mim te manifestas.” Agostinho

Devemos ter o pleno entendimento de nossa natureza, um conhecimento bíblico a cerca de nós mesmos. Somo radicalmente depravados, pecadores e estamos em total rebeldia contra Deus até o momento em que a misericordiosa graça de Deus nos alcança e nossos olhos se voltam ao nosso Criador.

Quando compreendemos de fato e de verdade a doutrina da depravação total, nesse momento, começamos a entender o fato que dependemos de Deus para obtermos conhecimento Dele. Isso se reflete diretamente na maneira que conduzimos os nossos estudos teológicos.

A fonte de todo o conhecimento provém de Deus e não de nós nem dos nossos esforços, até mesmo o conhecimento que nos é repassado pelos nossos mestres e professores. Assim como Agostinho cita o alimento materno que recebia através de sua mãe e sua babá, ele reconhecia que a fonte desse alimento em primeira instância provém de Deus, sendo que a sua mãe e babá são meros instrumentos nas mãos do Senhor e da sua providência.

Desta mesma forma devemos entender que o conhecimento teológico que adquirimos provém totalmente da graça de Deus e não dos nossos próprios esforços e méritos. Devemos proceder de acordo com essa realidade, devemos gastar tempo em oração, para que Deus se revele a nós através de nossos estudos, através das aulas, que Deus use a escola de Teologia onde estudo como instrumento provedor de alimento para nós alunos.

Ter em mente sempre que nosso entendimento, nossa razão também sofrem as consequências da queda, do pecado, e que se Deus não agir através do Espírito Santo nos trazendo em humildade, humilhando nossa inteligência, nunca conseguiremos compreender as verdades necessárias para nossa salvação.

Essa é uma verdade tanto para a maneira que eu conduzo minha vida de estudos teológicos, buscando um aprimoramento para usar unicamente tendo o alvo a glória de Deus, que Deus seja mais glorificado em mim e no conhecimento que poderei repassar para a glória Dele. Como é uma verdade para a minha vida diária, pois é impossível separar os estudos do meu dia a dia.

Quem sou eu? O que sou eu? Que maldade existe que não tenha feito parte ou de meus atos, ou de minhas palavras, ou, se não de minhas palavras, de minha vontade? Mas tu, ó Senhor, és bom e misericordioso, e tua mão direita chegou até o fundo de minha morte e do fundo do meu coração esvaziaste aquele abismo de corrupção. E todo este teu presente consistiu em eu negar o que antes queria para querer o que tu querias.” Agostinho

Soli deo Gloria

Fernando Di Domenico


Fontes:



Agostinho de Hipona, Confissões, Ed. Mundo Cristão.

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