segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Antes da cruz as pessoas podiam ser amigas de Deus?...A Bíblia responde#67










1- No tempo de Jesus, as pessoas oravam como nós hoje? ou seja, tinham acesso direto a Deus ou tinham sempre que apresentar um sacrifício antes de orar? Se sim, Jesus também tinha que o fazer? 2- Antes da consumação do sacrifício na cruz, as pessoas podiam ser "amigas" de Deus como hoje nós podemos ser?


Olá!

Obrigado pela ótima pergunta. Precisarei caminhar por uma parte do contexto histórico que trará a compreensão de maneira mais clara. Quando nos referimos ao tempo de Jesus, lembramos que o que estava em vigor naquele tempo era a Lei de Moisés, Jesus trouxe o cumprimento dela (Mt 5.17), principalmente em seus aspectos cerimoniais. Se levarmos em consideração que existiam dois tipos de orações feitas: Comunitária (Templo) e privada/particular, neste sentido podemos dizer que as orações eram iguais. A maneira como devemos orar também foi ensinada por Jesus (Mt 6.9) naqueles dias e é um ensino para nós também hoje. Isso nos dá base para entender a semelhança na maneira de orar.  Todavia, as pessoas não podiam se achegar direto a Deus, como nós hoje também não podemos. A grande diferença se dá na questão dos sacrifícios que eram feitos para o perdão dos pecados, essa era a natureza principal dos sacrifícios:


Enquanto que no Antigo Testamento que perdurou até os tempos de Jesus, dentro do plano progressivo de Deus, foi instituído a Lei de Moisés e o Templo como formas de participar do povo de Deus, dentro da Lei mosaica descritas principalmente nos livros de Levítico e Deuteronômio, existiam diversas obrigações que o povo deveria fazer, como parte das exigências de Deus para perdão dos pecados. Sempre era necessário ser feito através dos sacerdotes, a purificação não podia ser feita por si próprios. No entanto, nunca deixavam de ser pecadores, como nós também neste tempo. Nos nossos dias existe uma diferença significativa na substituição dos métodos cerimoniais por Jesus, neste sentido é diferente, porque em Jesus o sacrifício foi cabal, de maneira única e definitiva.  Uma nota digna de lembrança é que a oração é constantemente recheada de arrependimento pelos pecados, gratidão, ajuda e louvor a Deus. Os Salmos estão repletos de exemplos disso, então neste sentido não era necessário oferecer um sacrifício para orar, muito embora o sacrifício fosse ordenado de muitas maneiras naquele tempo, como parte fundamental da reconciliação de Deus com o povo, não podemos entender isso de forma cronológica, ou seja, a oração não vinha necessariamente somente após um sacrifício, o sacrifício foi o método instituído por Deus para ser feito pelo sacerdote para que Deus perdoasse os pecados através deles. Então, apesar de estarem intimamente ligados, não eram coisas obrigatoriamente feitas no mesmo momento, o sacrifício e a oração.

Podemos ver vários casos de orações privadas que não eram feitas com a apresentação de sacrifícios, Davi, Neemias (Nm 1:11), Daniel. Podemos resumir que a mediação era feita desta forma no Antigo Testamento, o sacerdote apresentava os sacrifícios de reconciliação com Deus e da mesma forma temos a reconciliação através de Jesus. Se pensarmos na necessidade ela continua igual, porque antes era necessário reconciliação com Deus e aí acesso a Ele. O que muda é que houve uma substituição para esta reconciliação somente em Jesus (Jo 14:6). 

Todavia, todas esses sacrifícios e o sacerdote eram como sombras que apontavam para o verdadeiro sacrifício e o verdadeiro sumo sacerdote que nós sabemos quem era e como foi, Jesus Cristo na cruz do Calvário. Então quando entendemos isso, sabemos que nossa oração nunca foi direta, antes era intermediada por um sacerdote e hoje ela é intermediada por Jesus que é o nosso sumo sacerdote, a diferença é de que hoje o Templo e os sacrifícios não são mais necessários. Muito embora a oração comunitária (na Igreja) e particular ainda sejam da mesma maneira, hoje nós podemos olhar para cruz em busca de perdão diferentemente de como era. Mesmo assim, da mesma maneira como no Antigo Testamento e continua agora, é necessário arrependimento diário porque essa sempre foi a essência do sacrifício, um coração quebrantado (Sl 51:17). Outra nota digna de cuidado é que poderíamos dizer que o reconhecimento pela necessidade de arrependimento e perdão dos pecados deveria fazer parte das nossas orações.

A salvação tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento nunca foi baseada em obras. Antes as pessoas eram salvas por olhar para a promessa do Messias (Gn 15:6), mesmo sem ver, desta forma se tornando "amigos" de Deus e o obedecendo (Tg 2:23). A obediência sempre foi a consequência da salvação e não o contrário. No nosso caso, nós sabemos, podemos e devemos depositar a confiança no Messias que veio, na mesma promessa do Evangelho e também obedecemos por amor.

Após toda esta explicação, respondendo suas perguntas:

1-Sim, as orações continuam tendo a mesma forma: Comunitária e Privada. O que havia de diferença era de que o perdão dos pecados era feito por um sacerdote que intercedia junto a Deus e era necessário ser feito várias e várias vezes, nós temos Jesus que intercede por nós (Hb 7:25), sempre houve a necessidade de um intermediador, o que mudou é quem é o intermediador. Jesus sempre teve comunhão direta com o Pai (Jo 10:15, Mt 11.27), ele nunca precisou de perdão, afinal Ele nunca pecou, Sua comunhão com o Pai sempre foi perfeita (Jo 12:27), suas orações nunca foram precedidas de sacrifício (a não ser o seu próprio pelos outros, mas que foi feita depois das orações). 

2- Sim, as pessoas podiam ter sua comunhão restaurada com Deus olhando para frente, esperando a promessa do Messias (Rm 4:13, Rm 4:16), que era simbolizada pelo Templo (sacrifícios) e pela Lei que leva a Cristo (Gl 3:24). Tudo isso apontava para Cristo. As pessoas eram salvas olhando para frente pela promessa, nós olhamos para trás, para mesma promessa no sentido que o Salvador já veio, confiamos Nele para o perdão dos pecados e esperando Sua volta, sem a necessidade do Templo ou da Lei no sentido cerimonial. A salvação sempre foi do mesmo jeito em todas as épocas, pela graça e pela fé (Ef 2:8).

É interessante ver como a maioria dos elementos do Antigo Testamento apontavam para Cristo, em especial os sacrifícios dos cordeiros e a necessidade de um intermediário, os quais os dois são Jesus agora.

Em Cristo

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