sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Cosmovisão Cristã




Toda a pessoa possui uma maneira de ver o mundo, todo e qualquer ser humano enxerga os acontecimentos em torno dele baseado em alguma estrutura.

Podemos observar de maneira prática, analisando as inúmeras posições pessoais sobre um determinado assunto, como por exemplo o incêndio na boate Kiss em Santa Maria – RS. Diversas opiniões pessoais variando em uma grande escala, de acordo com a maneira do indivíduo de ver o mundo. Podemos perceber com nítida distinção entre uma opinião baseada numa cosmovisão cristã e uma outra opinião baseada numa cosmovisão existencialista.

Sempre que refletimos sobre alguma coisa, desde um pensamento casual até uma questão profunda estamos operando dentro de uma estrutura. De fato, somente a hipótese de uma cosmovisão, ainda que seja básica ou simples, é que nos permite pensar.i

Existem diversas cosmovisões catalogadas e defendidas em todo o mundo, teísmo cristão, deísmo, naturalismo, existencialismo, panteísmo, entre muitas outras que derivam basicamente destas citadas.

Uma cosmovisão cristã sadia, necessariamente, precisa ter seus pilares bem firmes e definidos. Os quatro pilares fundamentais para um bom desenvolvimento desta cosmovisão são: Criação, Queda, Redenção e Consumação.

Se não tivermos pleno domínio e entendimento fiel aos escritos Bíblicos acerca dessas quatro realidades fundamentais, todo o desenvolvimento do meu raciocínio, toda a minha maneira de ver o mundo estará distorcida e muitas vezes equivocadas. Como toda e qualquer estrutura onde um dos seus pilares de sustentação estiver com problemas, todo o resto estará comprometido.

CRIAÇÃO: A Bíblia ensina que todas as coisas foram criadas por Deus. O mundo teve um início e não foi obra do acaso. Deus é o criador do universo, assim como criou o homem à sua imagem e semelhança. Deus é um ser pessoal, que se relaciona com sua criação.

Por essa razão existe um sentido e intencionalidade no mundo. O mundo não é fruto do acaso e nenhum acontecimento ocorro por meio aleatório, há um propósito no mundo e um sustentador do cosmos.

A Bíblia também ensina que Deus é a fonte exclusiva de toda a ordem criada. Nenhum outro Deus concorre com Ele; não existe força natural própria; nada recebe sua natureza ou existência de outra fonte. A palavra criativa de Deus é a fonte das leis da natureza física, da natureza humana, da ética, da justiça, do empreendimento criativo, das artes e até da lógica. Não existe assunto, tema, matéria que seja filosófica ou espiritualmente neutra.ii

“Pois assim diz o Senhor, que criou os céus, ele é Deus; que moldou a terra e a fez, ele fundou-a; não a criou para estar vazia, mas a formou para ser habitada; ele diz: Eu sou o Senhor,e não há outro. Não falei secretamente, de algum lugar numa terra de trevas; eu não disse aos descendentes de Jacó: Procurem-me à toa. Eu, o Senhor, falo a verdade; eu anuncio o que é certo” Is 45.18,19

A maneira que eu entendo esse pilar influencia diretamente minha maneira de viver. Existem claras distinções entre um ser que vive com a certeza de que existe um Criador de todas as coisas e que esse Criador é um ser pessoal que se relaciona com ele; diferentemente de uma pessoa que vive com uma visão do mundo, onde não existe um Deus pessoal mas todas as coisas são deus; ou ainda onde não existe deus algum, a matéria é tudo o que existe e sempre existiu.

Um cristão se preocupa com o relacionamento entre ele e o Deus Criador, se preocupa em saber sobre Ele e busca entender os motivos de Deus o ter criado, procura viver uma vida à luz dessas verdades fundamentais. Vive uma vida com propósitos e razões bem definidas.

QUEDA: A queda explica porque somos o que somos. Deus criou os seres humanos num estado perfeito e fez com eles um pacto, num determinado momento eles desobedeceram a Deus e quebraram esse pacto. Como resultado, houve uma queda do estado original em que o homem foi criado.

Deus deu ao homem a liberdade de permanecer ou não em um relacionamento íntimo da imagem com o original. Como o capítulo 3 de Gênesis registra, o casal original, Adão e Eva, escolheu desobedecer a ordem de seu Criador no único ponto em que ele lhes impôs restrições. Essa é a essência da história sobre a queda. Adão e Eva escolheram comer do fruto que Deus lhes havia proibido comer e, assim, violaram o relacionamento pessoal que eles tinha com o Criados. Desta forma, pessoas de todas as eras têm buscado em vão estabelecer a si mesmos como seres autônomos, árbitros de sua próprias vidas. Elas têm escolhido agir como se tivessem uma vida independente de Deus. Porém, isso é exatamente o que elas não têm, pois devem tudo, tanto sua origem quanto a continuidade de sua existência, a Deus.iii

Apesar da queda, Deus não abandonou o ser humano à sua sorte, Ele continuou sustentando a todos, na sua providência, em sua graça comum Deus continua sustentando a natureza e a tudo mais. É exclusivamente isso que ainda torna a vida suportável.

O caos moral e espiritual que existe em decorrência da queda é a “pedra no sapato” de todas as demais cosmovisões, nenhuma outra consegui lidar, nem ter as respostas suficientes para lidar com esta questão. Apenas a cosmovisão cristã trata de maneira definitiva com esse tema, existem perguntas que ainda ficam sem respostas, mas até para essas perguntas a cosmovisão cristã consegue uma explicação.

“Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;” Ef 4.18

O cristão conhece os efeitos da queda, sabe que os problemas morais dos seres humanos possuem origem em si mesmos, possuem origem no pecado. Outras cosmovisões lidam com esses problemas com psicologia e tratamento médico, como uma doença e nunca conseguem tratar a raiz do problema, apenas mascaram com falsa moralidade e, em casos mais graves, com fortes medicamentos.

REDENÇÃO: A redenção é o processo de restauração da imagem desfigurada de Deus.

Deus não salva apenas a nossa alma, mas resgata a pessoa inteira. A conversão tem o propósito de dar nova direção a nossos pensamentos, emoções, vontade e hábito. Deus promete nos dar um coração novo e um espírito novo, avivando nosso caráter com vida nova.

O pecado trata da questão de termos nos afastados de Deus. E é por isso que a redenção consiste em voltarmos ao verdadeiro Deus; e quando fazemos isso, experimentamos o seu poder transformador que renova cada aspecto de nossa vida, toda nossa perspectiva de vida é recentralizada em Deus e reconstruída em sua verdade revelada.iv

No teísmo cristão os seres humanos são vistos como significativos porque são, em essência, semelhantes a Deus e, embora decaídos, podem ser restaurados à sua dignidade original.v

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” 2Co 5.17

Não é nenhuma surpresa quando surgem opiniões naturalistas, onde o homem não possui o seu devido valor, nem necessita de redenção, onde a natureza e tudo que nela existe possui mais importância que o homem. Isso se deve ao fato do abandono, quase que pleno, do teísmo cristão em nossa sociedade. Tendo substituído por visões naturalistas, por busca de “paz interior” satisfeita na visão panteísta e suas ramificações.

CONSUMAÇÃO: A cosmovisão cristã acredita que no futuro Deus haverá de refazer o mundo, redimir a criação e restaurar o universo mediante Jesus Cristo. No momento Deus capacita os eleitos para reverter os efeitos da queda, até a redenção completa.

A redenção já foi inaugurada na primeira vinda de Cristo, e será consumada na segunda vinda. Já desfrutamos do reino de Deus no presente, mas só desfrutaremos da plenitude quando todas as coisas forem consumadas.

Mas o ponto mais debatido entre as diversas cosmovisões existentes é sobre a importância do significado da morte. O que acontece quando uma pessoa morre? Desaparecemos? Reencarnamos? Eu continuo em uma existência transformada no céu ou no inferno?

Claramente, o teísmo cristão ensina a última dessas questões. Na morte, as pessoas são transformadas. Ou elas entram em uma existência com Deus e seu povo, ou entram em uma existência de separação eterna de Deus, mantendo a sua singularidade em terrível solidão e isolados exatamente do que as preencheria.vi


Conclusão: Independente de admitirmos, ou não, todos possuímos uma cosmovisão, é fundamental e totalmente relevante esse tema, pois se não tivermos um alicerce sólido em nossa cosmovisão, em especial a cristã, então corremos o risco de entendermos de maneira errada diversos aspectos importantes.

Por exemplo: se eu não entendo corretamente a queda do homem, que o homem está morto em seus pecados e longe de Deus, então posso cair na falácia de acreditar que o homem por si só pode restaurar o relacionamento com Deus perdido com a queda.

É importante para que eu possa entender o mundo que eu vivo, possa me relacionar com as pessoas, possa ser um profissional melhor no meu trabalho, na minha igreja local, enfim, em todas as áreas da nossa vida a cosmovisão estará.

Fernando Di Domenico


i - James W. Sire; O Universo ao Lado. Ed. Hagnos, 2009. p.15.
ii - Nancy Pearcey; Verdade Absoluta. Ed. CPAD 2012. p.49.
iii - James W. Sire; O Universo ao Lado. Ed. Hagnos, 2009. p.42 e 43.
iv - Nancy Pearcey; Verdade Absoluta. Ed. CPAD 2012. p.51.
v - James W. Sire; O Universo ao Lado. Ed. Hagnos, 2009. p.46.
vi - Ibid

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